Depoimento: Lúcio é pai de menina com síndrome de Down

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Lucio-e-Amanda-rotinadown-editMeu nome é Lúcio e sou o pai da Amanda, que tem cinco anos e síndrome de Down. Minha intenção é mostrar a visão do pai em todo o processo de criação da Amanda.  Quase sempre a preocupação gira em torno da mãe e da criança, e os pais acabam ficando de lado.  As dúvidas que temos são as mesmas da mãe, porém às vezes é mais difícil para nós, pais, colocarmos para fora as emoções e acabamos guardando tudo o que nos deixa com os cabelos brancos.

Sei que não é intencional, mas muitas vezes todos ao redor se preocupam com o estado psicológico da mãe, e os pais ficam de lado, com suas angustias, dúvidas e incertezas, e ainda precisam manter-se estáveis e ser o ponto de referência em casa. No meu caso, acabei sendo a referência para todos e poucos perguntavam quais eram os meus sentimentos em todo este processo. Vejo isto acompanhando o blog Rotina Down: somos a minoria.

Sempre fui participativo e minha família é o que tenho de mais importante e o que mais amo neste mundo. Meu pai sempre disse que eu era um PÃE, pois faço coisas que ele não fazia. Ele me ensinou que a família é o mais importante e que devemos sempre fazer o que pudermos com todo o amor que temos no coração.

Estive em todas as consultas da minha primeira filha e também nas da Amanda. Quantas vezes, enquanto a Simone (mãe das minhas filhas) estava trocando de roupa, eu conversava com a médica e escutava que a probabilidade de acontecer algo era grande e que eu tinha que estar preparado. Mas guardava para mim mesmo.

Como qualquer pai, temos as preocupações de futuro, talvez de uma maneira mais prática, de como vai ser a Amanda daqui um tempo, quando ela estiver maior ou não estivermos mais por perto, etc. Mas aprendi que isto não adianta nada e até atrapalha, pois nos preocupamos com o futuro e deixamos o presente passar.

Como um pai, e creio que isto vale para qualquer um, devemos aprender, o quanto antes, que as crianças podem fazer tudo aquilo em que elas acreditam e de que gostam; que as limitações quem coloca somos nós; que o preconceito vem dos adultos; e que, como toda criança, elas aprendem com o exemplo que têm em casa.

No caso de uma criança Down, devemos aprender rápido a respeitar o tempo delas, sem grandes cobranças, sem superproteção. A Simone já falou que eu deixo a Amanda fazer tudo e que ela, Simone, é medrosa. Eu permito que minha filha faça e aprenda as coisas por ela mesma. O que a Amanda sabe, pois sempre digo para ela, é que sempre estarei ao seu lado, apoiando e ajudando que ela aprenda como ser independente.

Meu conselho para quem tem ou terá um filho Down é: aproveite ao máximo, é um presente que recebemos e que nos faz crescer como homem, como pai, como marido, já que nos aproxima da pessoa que amamos e nos ensina a rever as prioridades.

Obrigado, Lúcio Marques.

Texto original publicado no blog Rotina Down.

– See more at: http://www.movimentodown.org.br/2014/07/lucio-e-pai-de-menina-com-down/

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