Criando uma sala de aula inclusiva

Imagem: www.inclusive.org.br

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O ano escolar está começando e os professores em salas de aula regulares estão ocupados com o planejamento e a preparação de materiais de ensino, incluindo materiais curriculares diferenciados para os alunos com deficiência que estão em suas turmas.

Mas tão importante como a aplicação de desenho universal e instrução diferenciada é criar e manter uma cultura inclusiva para a classe… Uma cultura em que cada estudante se sinta tanto acolhido e incluído como aluno, quanto valorizado enquanto colega.

Estudos demonstram que uma cultura de classe inclusiva traz melhores resultados acadêmicos e sociais, além de promover a independência dos alunos com e sem deficiência.

Aqui estão algumas dicas práticas para professores que tentam criar ou melhorar a inclusão na sua sala de aula:

1) NÃO SUBESTIME O SEU ALUNO. Não assuma que um aluno com deficiência não será capaz de “fazer” algo, logo “não vale a pena o esforço”. Os alunos com deficiência intelectual ou cognitiva podem aprender as coisas de uma forma diferente ou levar mais tempo… Eles podem não aprender aquilo naquele momento, mas a aprendizagem é progressiva e algo sempre vai ser aprendido. Dizer a ele e seus colegas que você acha que ele pode fazer é a mensagem mais importante e inclusiva que você pode passar. Ao desencorajar o aluno, você contribui para a realização da profecia de que ele “não é capaz de aprender”, mas ao encorajá-lo, você o incentiva e reconhece seu potencial diante dele próprio e dos outros alunos.

2) NÃO SE SUBESTIME. A inclusão não é física quântica. Uma grande parte é bom senso. Ninguém espera que você “supere” a deficiência do aluno – a diversidade é uma parte natural da vida e inclui a maneira como aprendemos. Reconheça que o aluno tem pontos fortes, assim como desafios. Seu objetivo é ajudar cada aluno a aprender o máximo que puder de uma forma que irá ajudá-lo a exercer o seu direito de ser membro pleno e igual da mesma comunidade que os seus colegas no futuro.

3) Você é um PROFISSIONAL DE ENSINO e você conhece o seu aluno e a turma. Só porque um diretor, coordenador ou professor mais antigo lhe dá conselhos ou um profissional de saúde diz algo pode ajudar o aluno de alguma forma (como uma carteira inclinada para a escrever ou uma almofada de apoio especial para sentar) não quer necessariamente dizer essas adaptações são pelo melhor interesse do aluno. Muitas vezes, é uma decisão de custo/benefício – equilibrar o impacto de “excepcionazar” o aluno é uma consideração importante. Pergunte a si mesmo: “Será que esta solução vai ajudar esse aluno a se sentir parte dessa classe e da escola?”

4) Você é o PROFESSOR e seu aluno com deficiência é PARTE DE SUA CLASSE. O assistente de educação não é o professor do seu aluno. O assistente de educação pode ser experiente e tentar ajudar, mas você precisa instruí-lo sobre como ajudar sem “sufocar” nem fazer sombra sobre o aluno. O papel do assistente é ajudar na instrução acadêmica do seu aluno com deficiência, fomentar sua independência, construir e nutrir relacionamentos sociais. Os colegas vão, logicamente, ver um aluno que esta sendo “mimado” como um “bebê” e essa percepção vai impactar em sua aceitação global como um igual. Um assistente ativo demais pode ter um efeito negativo, ensinando a criança a ser “acomodada” ou “encostada” em vez de estimular sua independência. A relação adequada entre o professor, um aluno com deficiência e o assistente de educação é muitas vezes esquecida, mas é uma parte crucial para criação de um ambiente inclusivo.

5) Procure sempre incluir o seu aluno com deficiência A MESMA MATÉRIA DA LIÇÃOdos outros alunos. Se o material tiver que ser adaptado, pense “o que eu quero que todos os  alunos saibam no final da aula?” “O ​​que eu quero que a maioria dos estudantes saibam no final da aula?”, “O que eu espero que alguns alunos saibam no final da lição?”. Na maioria dos casos, a primeira pergunta irá apontar para a matéria que o aluno com deficiência deve aprender. Se seu aluno compartilhar a aprendizagem com os pares, é provável que esta experiência compartilhada continue no recreio.

6) Você define a CULTURA da sua classe. Você decide o quão bem-vindo, incluído e respeitado o aluno com deficiência será. A forma como você fala e age em relação a ele vai influenciar a maneira como todos o tratam. Os alunos, outros professores e até mesmo os pais dos outros alunos vão usar a sua atitude como exemplo.

7) ESCUTE E ENTENDA seus alunos. Seus pontos de vista são importantes. Se um aluno está tendo dificuldade para seguir instruções, não assuma que ele seja “malcriado” ou “rebelde” – é, provavelmente, sua maneira de expressar que está tendo alguma dificuldade. Pergunte a si mesmo o que está acontecendo. Fale com ele. Olhe ao seu redor – há algo que você pode fazer para ajudar? A maneira como você responder pode piorar a situação do aluno ou ajudá-lo a superar o problema de uma forma positiva. E seus colegas estarão aprendendo com você como responder a um amigo que está tendo um momento difícil.

8) Não deixe seu estudante ser excluído ou “DISCRIMINADO”. Eles devem ter as mesmas oportunidades que seus colegas de classe, incluindo a oportunidade de aprender em conjunto com e entre eles, sentando-se com eles e não separado num canto.

9) Não deixe seu aluno se tornar o “MASCOTE DA CLASSE”. Olhe para a natureza das relações que estão se formando com seus colegas – ajude os colegas a incluirem o estudante em suas brincadeiras, em vez de “usá-lo” no jogo.

10) COMUNIQUE-SE e COLABORE com os PAIS de seu aluno. Os pais são uma importante fonte de informações “em tempo real”, e eles também vão querer ser “incluídos” na comunidade escolar. Eles podem estar um pouco ansiosos e querer saber mais do que a maioria dos pais sobre como seu filho está indo. Os professores com experiência em inclusão relatam que uma relação de colaboração com os pais de um aluno com deficiência é mais importante do que um assistente de ensino – os pais devem ser consultados sobre todas as decisões relativas ao seu filho.

11) COMUNIQUE-SE e colabore COM OS OUTROS PROFESSORES. Há décadas de experiência em cada sala de professores. Você não precisa ficar sozinho.

12) Procure os VERDADEIROS ESPECIALISTAS EM INCLUSÃO – os ALUNOS DA SUA TURMA. Eles terão ótimas ideias sobre a melhor forma de incluir o seu colega com deficiência e o auxílio de colegas já demostrou ter benefícios significativos para todos os alunos – para ensinar você tem que saber.

Estas “dicas” servem para construir uma cultura inclusiva em sala de aula – uma cultura que é difícil de descrever, mas que você vai reconhecer e apreciar quando criá-la.

Criar uma cultura de classe inclusiva é fundamental para os resultados a longo prazo de todos os seus alunos, em particular os seus alunos com deficiência.

Por: Dr Robert Jackson* e Catia Malaquias

Tradução: Patrícia Almeida

* Dr Robert Jackson é Professor Adjunto da Educação da Universidade de Curtin, na Austrália Ocidental, psicólogo registrado e diretor da Incluir. Você pode se conectar com o Dr. Jackson no Twitter @include108 ou através do e-mail include.com.au

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