O PROBLEMA
Desde o princípio das sociedades, várias ferramentas de auxílio para os humanos foram desenvolvidas, sendo que, a maior parte delas são para dar funcionalidades adicionais para as pessoas. Basicamente, qualquer ferramenta que auxilia ou permite que o ser humano realize uma determinada tarefa deve ser entendida como um auxílio para uma deficiência funcional, visto que não poderíamos realizar a tarefa com a mesma eficiência sem aquele auxílio. Assim, um garfo é uma ferramenta que nos permite comer de forma mais fácil, assim como uma cadeira de rodas permite às pessoas com dificuldade motoras a se locomover mais facilmente.
O Censo de 2010 aponta que 46 milhões de brasileiros, cerca de 24% da população, declararam ter algum grau de dificuldade em enxergar, ouvir, caminhar, subir degraus ou possuem deficiência mental/intelectual. Se considerado apenas as pessoas com grande dificuldade ou perda total de alguma habilidade, além dos que declararam ter deficiência mental ou intelectual, são mais de 12,5 milhões de brasileiros com deficiência, o que corresponde a 6,7% da população. O gráfico a seguir destaca essa relação.
Todavia, a sociedade brasileira ainda enfrenta um sério problema de capacitismo, isto é, tem dificuldades de entender a importância da inclusão de pessoas com deficiência e, muitas vezes, enxergam elas como um problema ou fardo, o que impacta diretamente no desenvolvimento de tecnologias e políticas públicas direcionadas para esse público.
Uma parte disso se deve ao olhar da sociedade para as pessoas com deficiência como pessoas inferiores ou incompletas, em um desentendimento de que a pessoa sem deficiência também não é um ser “completo”. Por exemplo, se os seres humanos tivessem uma cauda, assim como os macacos, aqueles que não nascessem com elas seriam vistos como pessoas com deficiência e, para além disso, toda a nossa sociedade teria sido moldada para pessoas com cauda.
São dessas discussões e problemáticas em que se fundamenta a importância de se auxiliar e incluir esses indivíduos na sociedade, pois se o mundo que montamos não está preparado para dar a essas pessoas a mesma qualidade de vida que a de todos os outros, isso é um problema dessa sociedade e não da pessoa com deficiência.
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