Foi inaugurada na última sexta-feira (16) a primeira unidade Especial de Cirurgia em Pacientes com Síndrome de Down do país no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). A iniciativa partiu do diretor geral do HU, Eduardo Côrtes, após realizar cirurgia de emergência na paciente Tatiana, de 37 anos, que é Down e tinha dificuldades para encontrar tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS).
“A família relatou que a moça sentia fortes dores abdominais e já tinha passado por quatro crises graves. Realizamos exames e constatamos pedra na vesícula. Decidimos pelo procedimento cirúrgico realizado por vídeo. Em uma semana, realizamos consulta, exames, internação, cirurgia e alta”, relatou o diretor.
Além dos leitos, a nova unidade terá TV e sofá para dar conforto aos acompanhantes e aparelhos modernos para monitorar o estado de saúde do paciente. A equipe de profissionais será composta por nutricionistas, enfermeiros e assistentes sociais que prestarão atendimento específico. “Nós temos um ‘ouro’ em nossas mãos, que é a equipe do Hospital Universitário. Essa será a primeira unidade exclusiva e especializada para atendimento de pessoas com Down da rede pública de saúde do país”, destacou Côrtes.
A inauguração contou com a participação de parlamentares fluminenses que aproveitaram a ocasião para anunciar à comunidade hospitalar que a bancada do Rio de Janeiro apresentou emenda orçamentária de R$ 40 milhões em prol do hospital. Além deste montante, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) informou que destinou mais R$ 10 milhões em emendas para o HUCFF. O senador parabenizou os trabalhadores da unidade pelo esforço e dedicação. “Estão todos de parabéns pela atuação e iniciativa da atual gestão, que apesar dos obstáculos conseguiu dar mais um passo extraordinário e a saúde pública será beneficiada”, ressaltou ele.
Também presentes no evento, os deputados federais Glauber Braga (Psol-RJ) e Walney Rocha (PTB-RJ) lembraram da importância da articulação política da comunidade acadêmica para a garantia de recursos para o hospital. Braga elogiou a postura da direção do hospital e da reitoria da UFRJ de brigar pela autonomia universitária e não ceder às pressões para adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). “A luta aqui é grande, mas vocês têm mostrado coragem na luta pela autonomia e também ao desafiar a falta de recursos e inaugurar essa unidade”, disse o deputado.
O deputado Walney Rocha falou sobre a importância dos representantes de instituições como o HU irem à Brasília e mostrarem a sua realidade para os parlamentares. “Acabamos nos distanciando de temas tão próximos da nossa realidade, mas sabemos da importância desse hospital e precisamos melhorar a saúde do nosso país, principalmente a do Rio que é o nosso estado”, completou Rocha.
A vice-reitora da UFRJ, Denise Nascimento, comemorou a inauguração da unidade como um passo para o resgate do Hospital do Fundão. “O Hospital do Fundão vem de um longo período de sucateamento e falta de investimentos, mas que agora começa a reagir graças ao esforço de todos membros”, disse Denise.
A presidente da Sociedade Brasileira de Síndrome de Down, Marilza Wurner, participou da inauguração e elogiou a iniciativa. Representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (Sintuferj), da Associação dos Docentes da UFRJ (Aduferj), médicos, professores, enfermeiros e servidores do hospital também estiveram presentes.
Sobre a Síndrome de Down
No Brasil, cerca de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência física ou mental. A síndrome de down é causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. Isso ocorre na hora da concepção de uma criança. As pessoas com Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população. Grande parte dos portadores da doença não recebem tratamento adequado, que costuma ser caro e de difícil acesso nas clínicas particulares.