Letícia Maria Dias, 11 anos de praia. No vaivém das marés, ela surfa, diverte-se, deixa a plateia da areia encantada e tira onda. Fica em pé na prancha, de joelhos, rema, flutua, dropa. Aluna doAdaptsurf, ONG carioca que ensina o esporte a pessoas com deficiência, Letícia vai, há três anos, todo sábado com sua mãe, Luciana Dias, praticar surf na Barra da Tijuca.
“Ela adora os amigos, o convívio com o mar, o reconhecimento e o elogio das pessoas toda vez que termina de surfar. É muito bom ela perceber que é reconhecida e valorizada a cada onda que desce. O surf traz muitas alegrias a ela. E é o nosso programa de sábado, é um momento nosso, mãe e filha”, conta Luciana.
Ter certeza de que é capaz de superar desafios é, para sua mãe, o maior ganho que a prática proporciona para Letícia.
“Ela percebeu que basta focar. E isso vale para qualquer obstáculo de sua vida. O surf serve de exemplo para mostrar a ela que as dificuldades na escola são normais e que ela é capaz de superá-las, pois consegue algo muito mais desafiador, que é surfar”.
No surf adaptado, busca-se potencializar o que a pessoa tem de melhor. A ideia é focar nas habilidades dela, para que tenha certeza de apesar de suas características físicas ou mentais, será capaz de vencer o desafio.
“O surf adaptado olha a pessoa em primeiro lugar e não a deficiência”, conta Luciana, orgulhosa, e completa: “O Adaptsurf busca acima de qualquer coisa a conquista da felicidade das pessoas e o desenvolvimento da autoestima e da autoconfiança. É um dos trabalhos mais bonitos e inovadores que conheço.
Se Letícia teve grandes dificuldades para chegar ao estágio em que está hoje? Não, garante sua mãe:
“Letícia sempre gostou do mar, de furar as ondas e de nadar. Ela vem se desenvolvendo naturalmente, sem cobranças, mas com muita diversão e valorização das conquistas. Sente-se muito querida por todos e se diverte muito com os amigos”.
Por: Adele Lazarin e Simone Intrator
Foto: Regina Tolomei
Fonte: Movimento Down