Quem nunca ouviu falar em Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão? Criados pelo jornalista e cartunista Mauricio de Sousa, esses e outros personagens da Turma da Mônica marcaram e marcam a infância de muita gente. O que poucos talvez saibam é que o desenhista e criador dessas histórias em quadrinhos responde também pela criação de personagens com deficiência, que desde 2004 figuram nos enredos das revistinhas da Turma.
Com Luca, um garoto cadeirante, Dorinha, uma menina com deficiência visual inspirada em Dorina Nowill, André, um menino com autismo, e uma personagem feminina com síndrome de Down, que ainda está em fase de desenvolvimento, Mauricio quer passar para as crianças a importância da inclusão. “A Turma da Mônica é um grupo de personagens que vivem e agem como crianças normais, como nossos filhos ou conhecidos. Todos nós temos amigos com algum tipo de deficiência e convivemos harmônica e dinamicamente. Aprendemos as regras da inclusão aí”, contou ele em uma entrevista ao site Vida mais livre.
Veja destaques da entrevista:
VML: Quando e por que surgiu o interesse por personagens com algum tipo de deficiência?
Mauricio de Sousa: A Turma da Mônica é um grupo de personagens que vivem e agem como crianças normais, como nossos filhos ou conhecidos. Todos nós temos amigos com algum tipo de deficiência e convivemos harmônica e dinamicamente. Aprendemos as regras da inclusão aí.
Consequentemente, não poderíamos deixar de apresentar, no universo dos nossos personagens, amiguinhos da turma que também tivessem algum tipo de deficiência. Até acho que demorei muito para perceber esse vazio nas nossas histórias.
VML: Você se recorda da situação em que teve a ideia de criar o primeiro desses personagens?
Mauricio de Sousa: Acho que foi quando criamos uma história onde um novo amiguinho da turma surgia de muletas. Ele participou de uma ou duas histórias, mas depois sumiu. Ficou a necessidade de mantermos esse tipo de convívio. Posteriormente, fui buscar um cadeirante para preencher o espaço.
VML: Conte um pouco sobre o processo de criação da personagem Dorinha.
Mauricio de Sousa: Quando pensei em criar uma menina cega, busquei uma referência e me veio a figura de Dorina Nowill, da Fundação do mesmo nome. Dorina, líder, de inteligência brilhante, sem preconceitos (para com os videntes), elegante, preocupada com a causa de mostrar caminhos aos cegos. Tirei daí tudo da Dorinha.
VML: Você também criou o Luca, que é cadeirante. Como ele foi criado? Foi inspirado em alguém, assim como a Dorinha?
Mauricio de Sousa: Para criar o Luca, conversei com os atletas paraolímpicos, o que foi, para mim, uma descoberta e uma alegria. Eles são muito bem resolvidos, também. Entusiasmados, alegres, espertos, inteligentes, com o moral lá em cima. Foi fácil transpor esse clima para o personagem, que continua acontecendo muito fortemente nas nossas histórias, a ponto de a Mônica, nos quadrinhos, estar meio de asinha caída para o Luca.
VML: Além da Dorinha e do Luca, há também o André, com autismo, e uma menina com Síndrome de Down, correto? Conte um pouco mais sobre estes personagens.
Mauricio de Sousa: O André nasceu de um estudo que fizemos para uma campanha. Saiu uma revistinha muito gostosa, que serviu e serve para muita gente entender um pouco melhor o autismo e suas diversas manifestações. Já a menina com Down é mais recente, pouco conhecida e ainda não suficientemente utilizada nas histórias. Está ainda em fase de estudos, devido à variação de graduações que o Down apresenta. Ainda estou buscando em que nível está a menina.
Leia a entrevista completa no site Vida mais livre.
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