Importância do exercício para pessoas com síndrome de Down

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Desde os 9 meses, Manuella se exercita: trabalho e muita diversão na sessão de fisioterapia (foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)
Seja para melhorar o condicionamento ou aliviar o estresse, seja para ficar mais saudável ou por pura diversão, exercitar-se é essencial para todos. Em alguns casos, a atividade física se torna mais do que apenas uma prática e vira uma maneira de se relacionar e entender o mundo em volta — caso das pessoas com Down.
Quem nasce com a síndrome corre mais risco de desenvolver obesidade, além de apresentar hipotonia e frouxidão ligamentar, condições que prejudicam o desenvolvimento neuropsicomotor. Por isso, é necessário fisioterapia especializada na infância e prática constante de exercício por toda a vida adulta.
“A fisioterapia deve ser trabalhada com o intuito de tornar o indivíduo independente e não como uma eterna reabilitação”, explica Nádja Quadros, fisioterapeuta especialista em fisioterapia neurológica. Ela faz parte da equipe do Crisdown, centro de tratamento especializado para pessoas com síndrome de Down, localizado no Hospital Regional da Asa Norte
Lá, crianças e adultos têm acesso a profissionais de diversas áreas, como psicólogos, cardiologistas, pediatras, fonoaudiólogos e, claro,  fisioterapeutas. “Hoje, temos uma nova geração de pessoas com síndrome de Down. Antes, quando a criança aprendia a andar, já era liberada da fisioterapia. Agora, não mais. Trabalhamos mais o equilíbrio, os movimentos, a coordenação motora”, completa Nádja.

Manu, 2 anos, faz fisioterapia desde os 9 meses. “Teríamos começado antes, porém ela teve cardiopatia e precisou ser operada” conta a mãe, Maila Carina Matos, 37. A funcionária pública conta que a fisioterapia é essencial para a filha. “Faz toda a diferença em diversos sentidos. Desde a interação com outras crianças, o equilíbrio, a movimentação e a adaptação a mudanças”.
“Pessoas com síndrome de Down podem praticar qualquer atividade física, desde que sejam liberadas pelo médico”, explica a fisioterapeuta Carolina Vale, da Crisdown. A principal preocupação é com a instabilidade atlanto-axial, condição ortopédica que pode causar danos à coluna vertebral. “Quem tem essa instabilidade fica mais restrito, e não pode praticar atividades com muito impacto”, completa Nádja Quadros.
Para o professor de educação física Raimundo Anderson, o acompanhamento do profissional na hora dos exercícios é fundamental, mas alguns cuidados precisam ser tomados. “O professor não pode querer superproteger o aluno para não prejudicar na integração e no desenvolvimento”, acredita.
Algumas das atividades mais procuradas para crianças com síndrome de Down são natação, ginástica artística, futebol, equoterapia, entre outros. “Atividades em grupo, lúdicas e que exijam movimentos inesperados, para trabalhar o equilíbrio e a coordenação, são ideais”, aponta Raimundo.
Mariana Gomes de Aguiar, 39 anos, vai à academia três vezes por semana, além de praticar natação, caminhada e outras atividades “Gosto muito da prancha, do agachamento e de exercícios no solo” enumera.
O adulto com síndrome de Down deve se exercitar com frequência. Com a autorização do médico, o indivíduo pode praticar de tudo, de acordo com suas preferências pessoais. Para Nádja, o importante é quebrar a mentalidade da eterna reabilitação. “Queremos trabalhar a autonomia e o protagonismo, para que o paciente possa fazer uma atividade física igual a qualquer outra pessoa.
Matéria de Marina Julião