Mãe relata mal atendimento ao filho deficiente em pizzaria do Rio

Ana Carolina Pinto – Extra

leo

Para fechar com chave de ouro um dia inteiro de comemorações pelo seu aniversário, no dia 16 de fevereiro, a fotógrafa Mariana Hart, 34 anos, foi com os três filhos, Leo, Pedro e Stella, e o marido à Pizza Hut do Américas Shopping, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Uma das comidas preferidas do filho Leo, a refeição acabou com sabor amargo para a família, que lidou mais uma vez com a falta de sensibilidade dos estabelecimentos comerciais com a criança, que é deficiente. Leo, de 8 anos, teve paralisia infantil e ficou com os movimentos do corpo comprometidos. Irmão gêmeo de Pedro, o menino nasceu prematuro e, por uma série de problemas após o parto, teve hemorragia intracraniana, infecção generalizada, entre outras complicações de saúde.

Em um post no Facebook com quase 3 mil compartilhamentos, Mariana descreveu o que chamou de mais um caso de constrangimento pelo qual a família passou. Começou com a distribuição dos pratos e da pizza aos que estavam na mesa: nas duas oportunidades, Leo foi ignorado pelo garçom.

No final da refeição, Mariana pediu ao garçom uma pizza média de sabor doce. Uma promoção do restaurante oferecia aos aniversariantes uma pizza pequena aos que estivessem com três convidados e uma média para os que trouxessem outras quatro pessoas. Segundo a mãe, foi o momento em que o garçom teria afirmado que a família teria direito à promoção para quatro pessoas, desconsiderando a presença de Leo.

“A grande verdade é que eu nem havia pensado em pizza nenhuma de sobremesa, já que eu tinha uma torta inteira em casa prestes a ser partida. E então o funcionário disse: "Quatro pessoas, vocês tem direito a uma pizza pequena". Oi? Como assim quatro pessoas?! Falamos que somos cinco, por que Leo não contaria?! E ele: "Ok, vou falar com o gerente e perguntar se pode ser a pizza média." Como assim "se" pode?! Por que não poderia!? Ele se enrolava cada vez mais disfarçando seu preconceito e despreparo”, escreveu Mariana no Facebook.

Mãe desabafou na rede socialMãe desabafou na rede social Foto: Reprodução/Facebook

Ao reclamar, a fotógrafa recebeu um pedido de desculpas da gerência. Na rede social, Mariana fez um apelo aos empresários brasileiros para que prestem atenção nos clientes. Ela confessa ainda que o desânimo é tanto que a família já faz planos para se mudar do país.

“Meu apelo aos proprietários de restaurantes, de estabelecimentos que lidam com o público é: treinem seus funcionários! Deficientes saem de casa, jantam com a família, passeiam no shopping, consomem, se divertem, têm sentimentos, desejos, preferências, são seres humanos como eu e você. Eles existem, não são invisíveis. Não tenham medo! Fingir que eles não existem não mudará nada. Eles estão por aí, por toda parte, e muitas vezes privados de lazer em família por comportamentos como estes no mundo lá fora. Por favor, não dificultem mais o que já é muito difícil. Este é o apelo de uma mãe que está exausta, desistindo de seu país, de sua cultura com valores deturpados, para ir em busca de dignidade a uma criança inocente de 8 anos de idade”.

Para a mãe, há apenas um alívio. Ela acredita que o filho não perceba as manifestações de preconceito.

— Pode parecer estranho, mas em algumas situações agradeço por Leo ter o cognitivo afetado a ponto de não compreender certas atitudes preconceituosas. Ele é tão puro, que acredito que seja incapaz de perceber tamanha estupidez humana. Acho que, no fundo, ele é mais evoluído do que todos nós e está cumprindo lindamente sua missão de abrir os olhos das pessoas em relação às diferenças, amor e preconceito — declarou a fotógrafa.

A família recebeu apoio nas redes sociaisA família recebeu apoio nas redes sociais Foto: Reprodução/Facebook

Esta não foi a primeira vez que a família passou por esta situação. Dona de um blog sobre maternidade, Mariana espera que o episódio não sirva para punir um ou dois funcionários, mas sim para chamar atenção para o problema.

— Já aconteceram situações tristes, de preconceito velado, aquele em que a pessoa nem percebe o quão grave é sua atitude. Acho que é um trabalho de formiguinha. Pessoas do Brasil inteiro me escrevem contando histórias, situações. Algumas admitem que estacionavam em vagas de deficientes e depois de ler as campanhas que faço, nunca mais estacionaram. Outras disseram que olhavam de fato para uma criança deficiente com pena, hoje já olham com ternura e carinho depois de "conhecer" as histórias que conto do Leo. Outras não faziam ideia de que paralisia cerebral não se trata de um cérebro paralisado como o nome diz, que há muita vida e alegria por trás! A exposição é grande, mas este feedback positivo me motiva a sempre dar a cara a tapa. Vale a pena!

A Pizza Hut informou, através da assessoria de imprensa, que vai entrar em contato com a família para obter mais detalhes sobre o caso. A empresa afirmou ainda que todos os funcionários passam por treinamento para "manter o padrão e a qualidade no atendimento".

Confira a nota da Pizza Hut:

“A Pizza Hut informa que tentou contato com a consumidora para obter mais detalhes sobre o ocorrido, mas não obteve retorno da mesma. A empresa retomará o contato novamente.

A Pizza Hut declara que todos os seus colaboradores passam por treinamentos para manter o padrão e qualidade no atendimento.”

Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/brasil/mae-relata-mal-atendimento-ao-filho-deficiente-em-pizzaria-do-rio-15414901.html#ixzz3SbgUOl7S

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